ANTÓNIO FERNANDO MIRANDA FERREIRA
Filho do carismático “António do Lírio” e popularmente conhecido por “Toninho”, principalmente por aqueles que acompanham o futebol em Fão, ao qual se vem dedicando há vários anos como massagista, é tal como o pai um homem multifacetado, pois é profissional da construção civil e pescador por tradição e “hobby”.
NF- Nós sempre o conhecemos como massagista do Fão e ao que sabemos agora credenciado profissionalmente, mas em que começou a trabalhar?
Toninho- ”Com cerca de 15 anos comecei a trabalhar com o meu pai, que era mestre de obras na construção civil, mas também na pesca, pois ele tinha barco próprio e levava-me a mim e ao meu irmão Manuel com ele para o mar.”
NF- Mas com certeza que teve de se dedicar mais a uma delas…
Toninho- ”Sim, sabe-se como a pesca em Fão começou a desaparecer e não dava para sobreviver e eu aos 25 anos, já casado, fui trabalhar para a empresa de construção civil da família do Pires Gaifém, a “Gaifém & Ramos”, na qual me tornei encarregado. No entanto, o barco que herdamos do nosso pai, continuou a fazer parte das nossas vidas e continuamos a ir ao mar ao fim-de-semana. Assim cumprimos a promessa ao nosso pai, que nos pediu para manter esta tradição. A empresa tem sede em Fão e Caminha, que é para onde mais me desloco assiduamente. As nossas construções são feitas em terrenos adquiridos pela empresa. que depois contrói e comercializa directamente com os clientes.“.
NF- E o futebol quando começou?
Toninho- ”Comecei a jogar no CF Fão aos 20 anos como guarda-redes e fi-lo durante 3 anos. Pouco depois passei a ser massagista e há 16 anos que o faço, tendo também sido director.”
NF- Que formação tiveste e quando tiveste oportunidade de trabalhar com um profissional de fisioterapia ?
Toninho- ”Foi por vocação e intuição que fui massagista, aprendendo por mim próprio. Só há 8 anos pude beneficiar da presença de um profissional, que era o Paulo Russo, mas infelizmente saiu 2 meses depois. Voltei a ficar sozinho mais alguns anos e ia tirando dúvidas com o José Carlos Laranjeira e aconselhava-me junto do Dr. José Albino. ”
NF- Quando e quem o motivou a tirar o Curso de Massagista de Recuperação?
Toninho- ”Foi há alguns anos o João André, que ainda era jogador do clube, que me foi falando nisso e quando chegou a Presidente, voltou “à carga”. Ora como eu não podia ir para o banco nos jogos, por não ser credenciado, ficava constrangido e só lá estava como director. Achei que estava na altura de evoluir numa actividade que já gostava muito e tinha uma razoável experiência. Fomos procurando na Internet, até que apareceu este curso no Centro de Formação do SIMAC no Porto, que me pareceu o mais interessante e perto.”
NF- Foi muito demorado e complicado conciliar com as tuas actividades?
Toninho- ”Durou 10 meses, dois dias por semana, com aulas nocturnas. Foi duro, pois era uma correria, do trabalho em Caminha, para Fão e depois para o Porto, com os jogos e treinos pelo meio. Mais complicado ainda porque eu com os meus 42 anos e tendo apenas a 4.ª classe, tinha outra dificuldade em acompanhar, principalmente as aulas teóricas, pelo que tive um esforço redobrado em relação á maioria dos formandos.
Mas no final fiquei muito satisfeito e senti que valeu bem a pena todo o sacrifício. Agora sinto outras capacidades e com o que aprendi, acho que posso sonhar com outras perspectivas de futuro, mesmo a nível particular. ”
NF- O CF Fão é actualmente um clube bem equipado no vosso departamento clínico? E como compara as condições actuais com as do seu início?
Toninho- ”A nível regional, hoje o Fão é um dos clubes mais bem equipados, ainda esta semana recebemos mais duas máquinas novas para o departamento. No princípio, só tinha as minhas mãos, uma maleta com umas ligas e uns cremes.”
NF- Actualmente trabalhas com o fisioterapeuta Diogo Cardoso, como é coordenado o vosso trabalho?
Toninho- ”A sua entrada no clube, foi também muito bom para mim e trabalhamos muito como equipa, em conjunto ou complementando-nos.”
NF- Que tens ganho ou perdido nesta dedicação ao futebol? E como é a tua relação com a equipa, directores e técnicos?
Toninho- ”Actualmente já ganhamos alguma coisa. Pouco, mas já é um pequeno extra que ajuda. Claro que se passa muitas privações e sacrifícios, mas sempre tive o apoio da família e ganhei muitas amizades no futebol, onde sempre fui respeitado e acarinhado por todos sem excepção.”
NF- Das tuas actividades, qual a tua preferida?
Toninho- ” Gosto muito da minha profissão como encarregado na construção civil, mas também de ser massagista. A que me dá menos gozo é a pesca, só o faço por ter prometido ao meu pai, que continuaria a levar o seu barco ao mar, aliás uma actividade que é pouco compensatória e dura.”
O António Ferreira, que até nasceu em Apúlia, onde os pais viveram alguns anos, confessa-se um fangueiro convicto e adora viver em Fão, é um homem simples, humilde e transmitindo muita tranquilidade, não demonstrando a ansiedade que por vezes se vive no banco de um jogo de futebol. 20 anos dedicados ao clube do coração com muita voluntariedade e espírito de sacrifício, é um bom exemplo de bairrismo, mas também de perseverança.