
O sabor está na diferença...
A coisa mais bonita do mundo, até mais bonita do que a beleza, é a diferença. Ser diferente é uma qualidade só por si. Só por ser diferente tem de ser defendido.
Acontece, porém, que vivemos num tempo igualitário, unificador e racionalista em que as diferenças que ainda existem tendem em ser abolidas. Nota-se em tudo. Uniformiza-se, massifica-se, burocratiza-se como nunca antes. É muito benéfico, económico e democrático, traz muitas vantagens às populações e é também uma grandíssima chatice.
Repare-se em FÃO, cada vez está menos diferente de outras vilas ou cidades. O lado bom desta aproximação está sempre a ser propagandeado.
FÃO é FÃO, não precisa de ser «mudado» ou «melhorado», FÃO melhora sozinho, porque tem identidade própria, não necessita de ser igual ou melhor do que as outras vilas ou cidades.
Deixem FÃO em paz.
Claro que acho que FÃO tem mais coisas boas do que más, mas se achasse o contrário não mudava de posição. Eu gosto de FÃO como é e sempre foi.
Merece ser defendido pela razão mais simples de todas: porque é diferente.
O segredo da diferença está na humildade de quem se sente diferente. A diferença é a coisa mais bonita do mundo. É distinta. A igualdade é indistinta. Distinguir é diferenciar.
FÃO, assim como outras vilas, tem que criar a sua identidade própria e defender-se da atracção uniformizadora da racionalidade e da economia. Tem de distinguir-se pela diferença, é nisso que está o valor.
Desde pequeno que vou a FÃO, férias, fins-de-semana, qualquer tempo livre vinha logo para cá. Era quase automático, está no sangue, posso viver ou trabalhar noutro lado mas tenho necessidade de ir a FÃO, nem que seja só por ir, para ver.
Para falar com alguém conhecido ou simplesmente passar por lá.
Porque é diferente.
Artur Saraiva