DOMINGOS DOS REIS ASSUNÇÃO
Como muitas e alguns solteirões do passado também o Domingos Assunção, ficou conhecido pelo seu nome de menino – “Minguinhos". Figura de grande popularidade em Fão, de bons princípios e virtudes, o “Minguinhos”, esteve sempre ligado ao rio e pelo rio e sua preservação foi um acérrimo lutador.
Filho da fidalguia aficionado da pesca
Era filho da D. Helena Reis e de Domingos Assunção, um fidalgo que fez fortuna no Brasil, mas que faleceu era o “Minguinhos” ainda jovem, pelo que viveu muito ano apenas com sua mãe, na casa que seu pai comprara contígua ao rio. Também o seu pai era um admirador do rio e no seu barco várias foram os passeios pelo rio, incluindo as idas até à Barca do Lago e Marachão e célebres piqueniques. Com seu tio João Neiva, conhecido por “Rolinha”, ainda andava na escola e já ia à pesca da lampreia.
Mais tarde, adquiriu o seu próprio barco e que manobrava quase sempre à vara. Muitos foram os dias e noites da sua vida passados no meio do rio na pescaria, a maior parte das vezes sozinho, na maior tranquilidade, que sempre transpareceu a quem o conhecia. A sua figura simples e discreta, de botas de água, cana, bicheiro ou fisga em punho, era uma silhueta marcante no cais.
O rio uma paixão eterna
Conhecia cada palmo do nosso rio, mas também era amante da pesca no mar, o que ainda pouco antes da sua morte há cerca de 2 anos, fazia com um grupo de amigos, que se divertiam e depois saboreavam o pescado, cozinhado pelo José Monteiro, num salutar convívio de fim-de-semana.
Com o acumular de detritos e o assoreamento do rio, foi das pessoas que mais se preocupou e tentou levar a cabo várias acções da sua limpeza e preservação, bem como das margens. Foi o maior colaborador com das Juntas de Freguesia, nos primeiros passos para o arranjo e construção da marginal, usando muitas vezes os seus próprios recursos. Todo este empenhamento era feito de forma discreta e em Fão foi admirado e respeitado por todos. Para além disto, era um grande humanista e benfeitor e ajudou várias pessoas carenciadas, tendo contribuído em várias obras de interesse para a comunidade sempre de forma desinteressada e despretensiosa.
Numa pequena entrevista/tertúlia ao “O Novo Fangueiro” versão em papel em Agosto de 2004, transmitiu-nos que era o seu maior sonho poder ver a marginal concluída até ao Caldeirão, onde pudesse ser feita uma marina, o que seria uma mais-valia para a terra.
Igualmente nos confessou a sua tristeza pela elevada poluição e o assoreamento de que o rio vinha sendo vítima nas últimas décadas. O rio, onde passara os melhores momentos da sua vida, pela beleza e paz aí encontradas e que ele próprio transmitia.
Apesar da sua discrição e humildade o povo de Fão, ao contrário do que alguns doutos preconizam, soube mais uma vez reconhecer os seus méritos e decidiu em Assembleia de Freguesia atribuir-lhe o nome do largo confrontado com o rio e a sua antiga residência, onde mora o carismático chalé do “Minguinhos, o Largo do Minguinhos.