Fechar

ABEL VINHA DOS SANTOS

”Já não há muitos entre os vivos, que se lembrem deste homem, que apesar de ter morrido muito jovem, deixou marcas intemporais, que o notabilizaram para além das nossas fronteiras. Poeta, escritor, professor, pintor e um grande humanista ficou perpetuado com o nome da rua que vai da “Prior Nogueira”, precisamente em frente ao muro da antiga residência de seus pais, até à “Dr.Henrique Barros Lima”, perto da Alameda do Bom Jesus.

”Já não há muitos que se lembrem deste homem, que apesar de ter morrido muito jovem, deixou marcas intemporais, que o notabilizaram para além das nossas fronteiras. Poeta, escritor, professor, pintor e um grande humanista ficou perpetuado com o nome da rua que vai da “Prior Nogueira”, precisamente em frente ao muro da antiga residência de seus pais, até à “Dr.Henrique Barros Lima”, perto da Alameda do Bom Jesus.

Inspiração literária precoce

Abel Vinha dos Santos, nasceu em Fão em 8 de Fevereiro de 1912, filho de uma família convencional da burguesia fangueira de então.
Desde muito pequeno e quando ainda frequentava os primeiros anos nas escolas de Fão, já era muito devotado à leitura e demonstravam uma certa aptidão pelo desenho. Inscreveu-se no Liceu da Póvoa de Varzim, mas só concluiu o 1.º Ciclo em Chaves para onde foi transferido. Nessa altura compôs os primeiros poemas, sendo conhecido o “Revolução”, que data de 1926, portanto com apenas 14 anos. Mais tarde, uma paródia feita ao I Canto dos Lusíadas, valeu-lhe uma suspensão por 8 dias, como conta o Jornal “O Novo Fangueiro”, n.º31, de 1986 (Dr.Armando Saraiva). Concluído o 3.º ano arranja um emprego numa casa bancária no Porto, mas por curta duração. Mais tarde, volta a estudar e matricula-se no Instituto Normal Primário, onde se forma como professor do ensino primário.
Professor, cronista e poeta

A sua aptidão pelas artes literárias começam a expressar-se publicamente nas várias publicações de Fão, do concelho e das terras por onde passou. Escreveu no Cávado, Esposendense, Ecos da Beira-Mar (no qual foi redactor), Ecos de Sintra, Ecos do Sul, Aurora do Lima, Jornal de Monção, O Portimonense, Sol Nascente, Horizonte, Pensamento, Esfera (Rio de Janeiro) e revista Aquila. Da sua caneta inspirada saíram diversas obras literárias, desde quadras, odes, sonetos, contos e novelas, mostrando um estilo diversificado. A sua primeira publicação foi o livro de quadras “Cantares”, em 1933, seguindo-se “Riso Morto”, de sonetos e editado em 1936 “O Lobisomem”, contos de 1937 e ainda “Auto-aprendizagem da leitura e escrita, um original de Dâmaso Carreiro, adaptado à escola portuguesa, em 1936. Tudo isto pode ser encontrado na Biblioteca Nacional, registado com a sua autoria. Escreveu ainda um romance intitulado “Mar Alto” e “Pântano”, de versos, ambos nunca editados.
Como professor foi colocado inicialmente em Portimão, tendo depois conseguido a transferência para Monção, onde veio a falecer com apenas 28 anos, quando se banhava no rio Minho.

Papel predominante nas revistas fangueiras

Em Fão, Abel Vinha para além de uma vida social activa, mostrou sempre ser um homem muito altruísta e de grande humanismo, pois era também e tal como seu irmão Alceu um amigo de fazer o bem. Ambos se envolveram nas revistas fangueiras, para as quais escreveu inúmeras letras e com os seus pincéis e arte pela pintura, compôs belos cenários. Para os ensaios e espectáculos, levavam sempre consigo rebuçados para oferecer aos mais jovens e carenciados e segundo nos contaram, preocupava-se em corrigir e ensinar o português aos actores daquele tempo. Foi uma dos maiores colaboradores de Ernestino Sacramento, para que as revistas fangueiras alcançassem uma enorme qualidade e popularidade.

A sua morte prematura foi recebida em Fão com grande consternação e foi uma grande perda para toda a comunidade, pelo que fez, pelo que fazia e principalmente pelo que poderia ainda fazer. E, Fão ao homenageá-lo com o nome de uma rua “Poeta Abel Vinha dos Santos”, mostrou que o soube considerar e merecer, E nós, o relembramos, enaltecemos e tentamos transmitir aos mais novos como um dos “monstros sagrados” do nosso rico passado.

* Muito do que conseguimos apurar foi recolhido no jornal "O Novo Fangueiro", edição de papel do Dr.Armando Saraiva, que nos seus 21 anos de vida (1984/2005), muitos registos, informações e investigações nos deixou e é um legaddo importante do nosso património cultural e histórico.