
O período pascal tem importância de relevo na vida da paróquia fangueira, também pelo facto de anteceder sempre as festividades principais da Vila e poder interferir na programação da tradicional romaria em honra do Senhor Bom Jesus.
Essa interferência terá ainda maior relevância no futuro se se perceber que cerimónias como a Via Sacra e até a Queima do Judas podem valorizar o leque de actividades com significado religioso, desde que se criem os cenários adequados que permitam gerar mais valias de cartaz, reforçando ao mesmo tempo a sua simbologia.
Perceber a importância destes cerimoniais como oportunidades de dar vida à zona urbana antiga é entender que as iniciativas não podem ser avulsas e devem interagir num programa desenhado com objectivos de animação e com o propósito de ter resultados.
Sendo esta introdução alusiva à época que vivemos, ela tem por propósito dar mote e abordar um dos espaços arqueologicamente mais consistentes existentes na nossa Vila e que merece desde o ano passado a sinalética mais visível nos contornos dos nossos arruamentos: o “cemitério medieval” ou conhecido também por “necrópole das Barreiras”.
Este achado arqueológico da Idade Média, considerado a maior necrópole medieval da Península Ibérica, mereceu em 2003 uma intervenção de valorização que teve por objecto “desobstruir os vestígios, tratar o processo de biodeterioração com o sentido de tornar aquele sítio arqueologicamente apresentável e devolver a dignidade que o Cemitério Medieval de Fão merece”.
Julgamos que as tarefas agendadas terão obtido dos responsáveis e a seu tempo, o cumprimento integral, presumivelmente com relatório final a validar e a atestar a intervenção.
6 anos depois, verifica-se que um ícone do património cultural do nosso concelho continua votado a algum desmazelo.
Entretanto os últimos dias trouxeram luz.
O arranque para breve da Urbanização dos Lírios, um empreendimento de qualidade com 21 habitações a nascer ao lado do terreno onde se insere a necrópole, poderá trazer a solução definitiva com o arranjo daquele espaço.
Segundo o projecto que visionamos, a intervenção contempla um estacionamento para autocarro e automóveis, um centro interpretativo localizado em espaço verde e um passadiço sobrelevado a ligar à rua de cima, a permitir assim maior visibilidade .
Pode ser que seja desta que as cerca de duas centenas de sepulturas com datações dos séculos XI a XIV constituam um sítio arqueológico que reforce a oferta de mostra do nosso património, justificando então a visibilidade da sinalética.