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Numa das últimas noites do mês de Junho senti-me a apreciar as Marchas Luminosas na sede concelhia.
Não vi os alhos porros mas cheirei o pequeno manjerico em vaso vistoso com quadra sanjoanina em papel colorido e ouviram-se os martelinhos em pleno sambódromo esposendense, com as marchas do Norte e do Sul em aceso e saudável despique, em longa exibição de alegria, cor e ritmo, atraindo milhares de pessoas em noite fresca.
Quem diria que os nossos vizinhos da cidade, representando os seus bairros de ancestrais rivalidades, levassem à rua com tanto garbo o que em Fão já foi cartaz incomparável !
Todos sabemos que as Marchas Populares foram na nossa Vila um cartaz de tradição com milhares de apreciadores, que em dia de Festa invadiam a noite fangueira, com o Ramalhão de calças arregaçadas, camisa de xadrez e lampião de luz mortiça, acicatando as Pedreiras de tradição campesina, enquanto a Areosa se esforçava a exibir ares de gente fina.
As pessoas acotovelavam-se para apreciar a riqueza e diversidade de trajes e as Festas do Bom Jesus atraíam muitos forasteiros, indiferentes ao frio típico da tradicional romaria .
Os últimos tempos têm provado que Festas sem Marchas não trazem gente, com excepção do criativo Fogo de Artifício no rio.
Crise de liderança nos bairros ou falta de entusiasmo das nossas gentes, que já não suportam o desafio de abrilhantar com calor popular as Festas profanas da Vila, já longe do fervor das tradições ancestrais?
Diz quem sabe que não é normal na sede concelhia a participação das bases nos grandes eventos, por norma liderados pela logística municipal, mas quando desafiadas sabem mostrar que o Sul é melhor que o Norte e o Norte é melhor que o Sul, atraindo multidões ao espaço da contenda.
Diz-se por aí que com a migração de muitas famílias para o Caldeirão, esfriou-se bastante aquele espírito de disputa dos lugares ou bairros, retirando o entusiasmo e motivação que faziam aquecer as marchas fangueiras.
Não estou crente nessa argumentação porque a energia bairrista vive latente nas gentes de Fão e com os recursos humanos que temos só faltarão os patrocínios certos.
E até nisso não deverá faltar “Ambiente” para os de cá, ou então teremos água entornada.