
O fabrico de corda foi uma das principais indústrias que caracterizou a vida económica fangueira desde o século XIX e no século passado funcionavam em Fão 3 cordoarias, uma nas Rodas, a do António David (na imagem), outra por trás do Hospital, do Joaquim Carlos e outra na Tomadia das Rodas, a do Francisco Brito.
O sisal e o algodão eram as matérias primas principais mas o linho e a piteira também eram usados e os equipamentos ainda resistem na memória de muitos fangueiros como a Roda grande, as rodas pequenas, o trabuco, a talha, as cruzetas e alças, as muretas, os ferretes, as estantes e outros acessórios que se associavam às técnicas de fabrico das cordas grossas, dos fios para a pesca, para “capaços”, para os correeiros e outras que eram vendidas a muitos particulares e comércios das principais praças nortenhas.
Felizmente ainda temos vivas algumas pessoas que trabalharam nesta arte como o Joaquim Carlos (Quim Cordoeiro) e o António Viana (Tone Gaio), este último com todo o circuito de fabrico em miniatura por si construído com elevado pormenor.
A Cordoaria e a Construção Naval foram actividades com importante impacto em Fão e corremos o risco de não preservarmos a sua memória em espaço visível e adequado.
Uma oficina de Cordoaria, por exemplo, poderia assentar num museu que pudesse mostrar sobretudo aos mais novos os processos artesanais de fabrico da corda em uso em Fão, procurando assim preservar essas artes ancestrais.
As instalações da antiga Junta nas Rodas (também por isso) seriam o espaço certo para albergar essa e outras formas de artesanato ao vivo.
As réplicas são fáceis de construir com todo o pormenor e seria um tema interessante pois existem boas fotografias dessa actividade como as da autoria de António Silva do jornal Primeiro de Janeiro já com muitas décadas e trabalhos escritos e depoimentos orais que poderão assegurar a continuidade do saber.Também a Cooperativa Cultural tinha um espólio interessante.
Foi-se o Museu d’Arte mas podemos vir a ter uma Casa de Artes.